Debate

29.9.08
Sobre o debate entre os prefeituráveis, ontem, e ainda sobre o horário eleitoral "gratuito".
Não é curioso como só se vê pobre na TV quando é época de eleição, nas campanhas dos políticos? E não é ainda mais curioso como, nessas campanhas, os pobres são todos meio parecidos em detalhes como a imensa felicidade, os dentes sempre muito brancos e alinhados, roupas simples porém coloridas-limpas-arrumadas, tudo muito irretocável e todos muito felizes e satisfeitos? Tipo, do jeitinho que rico quer ver? O lance é que basta você circular de busão (ou ficar parado no ponto de ônibus reparando nas pessoas), pegar uma fila em um posto de saúde ou hospital qualquer, passar por uma escola pública em horário de entrada-saída de aulas, precisar de qualquer documento oficial (RG, CPF, título eleitoral, carteira de trabalho) ou se dirigir a uma delegacia de polícia para um atendimento qualquer, para perceber claramente que não é apenas o aspecto das pessoas que é muito mais natural e menos maquiado do que passa na TV: a realidade sobre tais "benefícios" e a satisfação dessas pessoas sobre os serviços e atendimentos públicos está longe de ser aquilo que vemos nos programetes eleitoreiros.
Eu estudei em escola pública desde o ginásio (diferente de muitos colegas do ensino superior público), freqüentei/usufruí um montão dessas instituições e serviços públicos de transporte e saúde e afins, já precisei levar chá de cadeira em delegacia, e fui maltratada a rodo pelos servidores públicos folgadíssimos que se aproveitam do poder público pra sentar na sua cabeça. Quer saber? Quando eu precisei fazer segunda via de meu CPF, entre os funcionários da receita federal, havia um que só de vez em quando atendia alguém e fazia a fila enorme diminuir um pouquinho. Quando eu fui atendida, tive o privilégio de conferir que o tal gajo estava jogando "paciência" em seu computador, ao invés de trabalhar...
E aí, ao ver o debate de ontem, fiquei indignada em como esses políticos conseguem ser salafrários e fazer propaganda do que não fizeram, ou fizeram muito mal... tipo o Maluf, que respondia a qualquer pergunta com um "estou no mesmo partido há 41 anos/você não anda 1 km em São Paulo sem passar por uma obra de Paulo Maluf/sou transparente e nunca fui condenado por nada"; ou a Marta, que respondia a qualquer pergunta com um "parem de imitar mal o que eu fiz/parem de fazer cópias malfeitas do que eu fiz", e o Alckmin também falando "Kassab esteve com Pitta e agora está com Quércia, incoerência", ou o Kassab insistindo em dizer que fez um monte de coisa quando só moralizou os cartazes na cidade e fechou os bingos e alguns postos de combustível. No final das contas, os políticos de menor expressividade nas pesquisas foram os que mais me surpreenderam em um sentido neutro ou positivo. A Soninha ferrou o Maluf explicando tudo o que ele não explicava (todas as sacanagens que ele fez e o que estava por trás das afirmações falaciosas dele), o Ivan Valente jogou na cara de todo mundo que muito se falou e pouco se fez desde os tempos de Maluf na prefeitura até hoje, e o Renato foi o único que respondeu as perguntas feitas a ele com projetos e propostas de inclusão profissional e social, além de dar tapas na cara dos outros (o que foi muito bom de se ver), que ficavam desconsertados e fugiam do assunto toda vez que ele batia. O Ciro, putz, é o delirante da turma, com idéias um tanto estapafúrdias para um candidato, surpreendeu mais pela coragem em expor tais idéias do que por outra coisa. Ouvindo o Ciro eu senti falta do Levi Fidelix ("Aerotrem"), e também do povo de sangue nos olhos (PCO e PCB), que pontuaram pouco ou nada nas pesquisas e não estavam lá.
Bem, no final da piada, neste caso, o horário eleitoral - para mim - acaba servindo mais para se ter uma idéia do naipe dos numerosos e menos conhecidos candidados a vereadores: é um pior que o outro. Tem os cantores de música brega que já provaram ser boçais, tanto na TV como na vida real; tem os travestis que querem "transformar" a câmara; tem os candidatos eternos (a maioria deles do partido do Maluf, claro); tem os "Fulano da expedição", "Ciclano da padaria", "Beltrano do bar da esquina" e outros conhecidos de bairro e empresa; tem também os esportistas oportunistas, como o "Corintiano vota em corintiano"; tem os pastores (eterna rima com "aproveitadores"); tem os maridos de apresentadoras de TV... Repare que em alguns partidos específicos há uma profusão de tipos bizarros, enquanto em outros eles tentam mostrar um pouco mais de seriedade. Tentam. Mas só um pouco...

De um jeito ou de outro, assistir a esses programas é como brincar de sério: você termina rindo, mesmo que seja para não chorar. Será que semana que vem termina esse circo?
E o que vai ser de nós, hein?

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